Por volta de 8.000 anos a.C. a humanidade já havia estabelecido uma forma de vida agrícola.
Junto com o plantio surgiram também as “bebidas sagradas”, resultante da fermentação espontânea de frutas e cereais, cujo efeito entorpecente era vinculado ao Divino.
Indícios mostram que os primeiros povos a produzirem cervejas foram os Sumérios e Assírios no Crescente Fértil - Mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates, Oriente Médio, atual território Iraquiano).
Há mais de 4.000 a.C. os Babilônios já fabricavam mais de 16 tipos de cerveja (de cevada, trigo e mel) e hieróglifos egípcios desta mesma época também traziam inscrições passo a passo de como produzir cervejas.
O mais antigo código de leis, o Código de Hamurabi da Babilônia (1.770 a.C.), declarava pena de morte aos que diluíssem a cerveja que vendiam.
Na Idade Média, vários mosteiros fabricavam cerveja, empregando diversas ervas para aromatizá-la, como rosmarinho, louro, sálvia, gengibre e o lúpulo, utilizado até hoje e introduzido no processo entre os anos 700 e 800. No entanto o uso do lúpulo para dar o gosto amargo e como conservante é atribuída aos monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça. Na época dos Vikings, cada família tinha sua própria vara de cerveja que eles usavam para agitar a bebida durante a produção. Estas varas de cerveja eram consideradas herança de família, porque era o uso da vara que garantia que a cerveja daria certo. Hoje em dia, sabe-se que estas varas continham uma cultura de leveduras, as quais não eram ainda conhecidas na época.
É um monumento monolítico talhado em rocha de diorito, sobre o qual se dispõem 46 colunas de escrita cuneiforme acádica, com 282 leis em 3600 linhas.
A numeração vai até 282, mas a cláusula 13 foi excluída por superstições da época. A peça tem 2,25 m de altura, 1,50 m de circunferência na parte superior e 1,90 m na base.
Esta foi a primeira evidência química encontrada sobre a cerveja no mundo. Julga-se que nesta época a cerveja já era tida como uma bebida importante e já bem estabelecida.
Foto: Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia - Filadélfia
O canudo era necessário para beber as cervejas que até então não eram filtradas. Na parte de baixo da imagem, um grupo de musicistas e uma típica cena de confraternização e festividade.
Foto: Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia - Filadélfia
Na Idade Média, o consumo anual per capta girava em torno de 400 a 1.000 litros. Afinal, consumir cerveja ou vinho era mais seguro do que água (na época não tratada e até mesmo poluída) - já que o álcool inibe a proliferação de microorganismos patogênicos.
A cerveja também era utilizada como alimento - “o pão líquido” - pois sua produção mantinha as propriedades nutricionais dos cereais.
Os mosteiros produziam cerveja para consumo próprio e vendiam o volume sobressalente à comunidade local. Entre os monges Trapistas, esta tradição se mantém viva até os dias de hoje. Atualmente estamos em tempos bem mais sóbrios, onde os tchecos lideram com o consumo com aprox. 168 litros ano/per capita, enquanto os brasileiros apenas 64 litros.
Na Alemanha, Guilherme IV estabeleceu em 1516 a REINHEITSGEBOT - ou Lei de Pureza, e obrigou cervejeiros alemães a utilizarem somente quatro ingredientes para fazer a cerveja: Água, Malte, Lúpulo e Levedura
Com esta lei (vigente até hoje), os alemães contribuíram para aprimorar ainda mais a qualidade de suas cervejas, que tornaram-se referência mundial em qualidade.
As cervejas produzidas sob este preceito são 100% naturais e não utilizam qualquer tipo aditivo químico como conservadores, estabilizantes ou corantes.
"Rein" significa limpo ou puro; "-heit" significa "-eza"; então "Reinheit" seria “limpeza” ou “pureza”; “Gebot” significa “Mandamento” ou “Lei”.
Esta lei, que foi promulgada em 23 de Abril de 1516 pelo Duque Wilhelm IV (Guilherme IV) da Baviera, basicamente regulamentava que a cerveja somente poderia conter três ingredientes: malte, lúpulo e água.
Considerada como uma das mais antigas regulamentações de defesa do consumidor protegia os compradores de que a cerveja comprada não teria nenhum outro aditivo ou componente “estranho” ou “exótico”.
Microcervejaria Paulistânia
A "mãe de todas as cervejas" - afinal assim eram produzidas as cervejas nos tempos primórdios - tem sua fermentação realizada espontaneamente por leveduras selvagens e bactérias acéticas e lácticas presentes na microflora local.
As autênticas Lambics (D.O.C.) são apenas aquelas produzidas em Lembeek - Bruxelas, Bélgica - região rica em leveduras selvagens da espécie Brettanomyces, necessidade absoluta para a produção de Lambics. Normalmente são envelhecidas em barris de carvalho e costumam receber adição de frutas (Fruit Lambic), como cereja e framboesa. Este tipo de fermentação resulta em cervejas exóticas e caracterizadas por uma acidez marcante e típica.
Exemplo de estilos de cervejas Lambics:
Lambic, Geuze, Faro, Fruit Lambic...
Cervejas Ales são produzidas com a adição de leveduras que agem em temperaturas mais elevadas - entre 15 e 25ºC.
Este tipo de levedura e a alta temperatura produzem compostos (ésteres) responsáveis pelos aromas frutados, condimentados e fenólicos (cravo), resultando em cervejas normalmente mais complexas e protagonizadas pela levedura.
Exemplo de estilos de cervejas Ales:
Pale Ale, India Pale Ale, Weissbier, Brown Ale,
Porter, Stout, Barley Wine...
As Lagers são cervejas produzidas com a adição de leveduras que agem em temperaturas mais baixas e controladas do que as Ales (máximo 14ºC).
As Lagers produzem menos ésteres frutados e condimentados e permitem o destaque do lúpulo e do malte.
Exemplo de estilos de cervejas Lagers:
Pilsener, Münchner Helles, American Light Lager,
Dunkel, Bock, Rauchbier...
DEGUSTAÇÃO
A ordem da degustação - Comece sempre pela cerveja menos alcoólica e mais suave, para então passar, por ordem crescente, para as mais robustas e intensas. O serviço também será crescente na apresentação dos pratos, dos mais delicados aos mais complexos.
TEMPERATURA
A temperatura de serviço deve subir conforme for aumentando o teor alcoólico da cerveja. Uma boa solução para facilitar e padronizar o serviço é eleger a temperatura entre 3 a 6ºC para servir todas as cervejas e aguardar que a cerveja ganhe temperatura no copo, quando por exemplo, estiver degustando um rótulo mais potente. Assim você ainda perceberá a evolução dos aromas e sabores, como no caso de uma Strong Ale, que deve ser preferencialmente servida acima dos 8º C.
Lembre-se: temperaturas “estupidamente gelada” inibem a percepção adequada do sabor e prejudica a correta avaliação do produto.
As cervejas mais fortes e complexas são servidas em temperaturas mais elevadas do que as cervejas mais suaves e leves.
Cada marca costuma ter seu modelo exclusivo, mas caso não os tenha, saiba escolher o formato mais adequado. Quanto mais alcoólica for a cerveja, menor será o tamanho do copo, afinal bebe-se em menos quantidade.
Enquanto uma Pilsen vai bem em uma tulipa ou caneca, uma Malt Liquor pode ser servida em uma taça de vinho do Porto.
Para as mais aromáticas, taças de boca larga - como as Trapistas e seus belos cálices.
Para as mais suaves, as taças de boca mais fechada ajudam a reter melhor os aromas. O mesmo vale para a espuma, ficando as cervejas menos frisantes em taças mais estreitas - como as Lambics e suas taças tipo flauta; enquanto as Weissbiers, por exemplo, em copos maiores e mais adequados para abundante espuma - típica das cervejas de trigo.
Como copo “curinga”, opte por uma boa taça de vinho branco ou uma tradicional taça ISO de degustação, que a apresentação certamente será um sucesso!
O princípio chave para uma boa harmonização é o EQUILÍBRIO. Pratos delicados pedem cervejas delicadas, assim como os pratos robustos, pedem cervejas mais complexas.
Conceito de corte: busque pontos chaves da cerveja capazes de cortar a untuosidade deixada pelo prato na boca, preparando-a para a próxima garfada. São eles:
- álcool
- amargor
- acidez
- frisante (carbonatação)
Complemento: busque sabores harmônicos complementares. A idéia é destacar o prato e a cerveja e até mesmo criar um terceiro sabor. As harmonizações podem se dar:
semelhança: doçura x doçura / acidez x acidez
contraste: picante x doçura / doçura x amargor